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A parábola da família Gotrocks.

    Era uma vez… uma família rica de sobrenome Gotrocks.

    A família aumentou no decorrer das gerações até ter milhares de irmãos, irmãs, tias, tios, primas e primos, e possuía 100% de todas as ações nos Estados Unidos.

    A cada ano, colhia as recompensas dos investimentos: todo o crescimento dos lucros gerados por milhares de empresas e todos os dividendos que elas distribuíam. Cada membro da família enriquecia no mesmo ritmo e tudo era harmonioso. Seu investimento aumentava ao longo das décadas, criando enorme riqueza. A família Gotrocks estava jogando um jogo de vencedor.

    Mas, após um tempo, uns poucos “Helpers” — que vamos chamar aqui de Auxiliares — com poder de persuasão entram em cena e persuadem alguns primos Go­trocks “espertos” de que podem ganhar uma parcela maior que a dos parentes. Esses Auxiliares convencem os primos a venderem suas ações de algumas das empresas para outros membros da família e, em troca, comprarem deles ações de outras empresas. Eles cuidam das transações e, como corretores, recebem comissões por esses serviços. A propriedade é assim redistribuída entre os membros da família. Para sua surpresa, porém, a riqueza da família começa a crescer num ritmo mais lento. Por quê? Porque parte do retorno do investimento agora é consumida pelos Auxiliares e a parcela da família do generoso bolo que as empresas americanas assam a cada ano — todos os dividendos pagos, todos os lucros reinvestidos nos negócios —, que era de 100% no início, começa a diminuir.

    Para piorar ainda mais as coisas, além dos impostos que a família sempre pagou sobre os dividendos, alguns de seus membros agora estão pagando também impostos sobre ganhos de capital. Suas constantes permutas de ações geram impostos sobre ganhos de capital, reduzindo ainda mais a riqueza total da família.

    Os primos espertos logo percebem que seu plano, na verdade, reduziu a taxa de crescimento da riqueza da família. Eles reconhecem que sua incursão na escolha de ações foi um fracasso e concluem que precisam de auxílio profissional a fim de escolherem melhor as ações certas. Assim, contratam especialistas em escolher ações — mais Auxiliares! — para obterem uma vantagem. Esses administradores de dinheiro cobram taxas por esses serviços. Assim, quando a família avalia sua riqueza um ano depois, constata que sua fatia do bolo diminuiu ainda mais.

    Para piorar ainda mais as coisas, os novos administradores sentem-se compelidos a ganhar seu quinhão transacionando as ações da família em níveis frenéticos de atividade, não apenas aumentando as comissões de corretagem pagas ao primeiro conjunto de Auxiliares mas aumentando a conta dos impostos também. Agora a antiga parcela da família de 100% do bolo dos dividendos e dos lucros reinvestidos diminuiu ainda mais.

    “Bem, nós fracassamos em escolher boas ações e, quando não funcionou, também fracassamos em escolher administradores capazes de fazer isso”, dizem os primos espertos. “O que faremos?” Não se intimidando com os dois fracassos anteriores, eles decidem contratar ainda mais Auxiliares. Eles atraem os melhores consultores de investimentos e planejadores financeiros que conseguem achar para aconselhá-los na seleção dos administradores certos, que com certeza escolherão as ações certas. Claro que os consultores dizem que conseguem dar conta do recado. “É só nos pagar uma taxa por nossos serviços”, garantem os novos Auxiliares aos primos, “e tudo dará certo”. Infelizmente, com todos esses custos adicionais, a fatia do bolo que chega às mãos da família volta a despencar.

    Alarmada, enfim, a família se reúne e analisa os acontecimentos ocorridos desde que alguns deles começaram a tentar passar a perna nos outros. “Como é possível”, perguntam, “que nossa parcela original de 100% do bolo — composta a cada ano de tantos dividendos e lucros reinvestidos — tenha caído para apenas 60%?”. Seu membro mais sábio, um tio ancião, responde tranquilamente: “Todo aquele dinheiro que vocês pagaram aos Auxiliares e todos aqueles impostos extras desnecessários que estão pagando vem direto do total de lucros reinvestidos e dividendos de nossa família. Voltem à estaca zero imediatamente. Livrem-se de todos os seus corretores. Livrem-se de todos os seus administradores de dinheiro. Livrem-se de todos os seus consultores. Assim nossa família voltará a colher 100% do bolo, qualquer que seja seu tamanho, que as empresas assam para nós ano após ano”.

    Eles seguiram o sábio conselho do velho tio, retornando à estratégia original passiva, mas produtiva, mantendo todas as ações das empresas americanas e fincando o pé.

    Exatamente o que um fundo de índice faz.

    … e a família Gotrocks viveu feliz para sempre.


Fonte: O investidos de bom senso. By John C. Bogle

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